Edifício de elevado valor monumental, construído por igreja e convento ( dois piso ), dispostos em torno de um claustro e O. Terceira ( inacabada ). A igreja é precedida de galilé e possui teto com pintura simplória, do século XIX. Torre recuada com terminação piramidal, revestida de azulejos policromados. Frontispício barroco com pilastras, frisos e volutas em cantaria. A nave e a capela-mor possuem tribunas. Esta última teve seu retábulo substituído no século XIX ( 1 ). A primitiva capela dos Terceiros, dedicada a Santa Rosa de Viterbo, conserva belo retábulo do tipo romântico. Sacristia ricamente ornada e azulejada com teto ilusionista e lavabo em lioz e mármore de Estremoz. Bela sala do capítulo, com teto em gamela. O convento conserva muitas alfaias e imagens, entre as quais a de S. Antônio de Pádua ( pedra ), N. S. de Brotas ( séc. XVII ), crucificados, S. de Viterbo e N. S. da Lapa> Móveis do século XVIII, em jacarandá. Igrejas e convento possuem belíssimos azulejos, do tipo tapeçaria e figurados, dos séculos XVII e XVIII ( 1 ).
Após a expulsão dos holandeses e separação dos franciscanos do Brasil da Província de S. Antônio de Portugal, há um florescimento da arquitetura da Ordem no Nordeste. Surgem dois novos protótipos de fechadas de igreja: Ipojuca ( Pe ), de linhas tardiamente clássicas, e Cairu ( Ba ), escalonada, monumental e barroca. Os conventos de Cairu e Paraguaçu ( coevo ) apresentam muitas semelhanças e tiveram suas pedras fundamentais lançadas pelo mesmo Custódio, Fr. Daniel de S. Francisco, um dos promotores da separação. Suas sacristias e lavabos são praticamente idênticos; as cruzes de madeira utilizadas na Semana Santa se transformam em monumentais cruzeiros de pedras em seus adros ( 2 ) e suas duas fechadas, do tipo triangular sobre galilé de cinco arcos, com torre recuada, são muito semelhantes. A do Paraguaçu é, porém, posterior. A fachada de Cairu influência, ainda, a do convento de S. Francisco do Conde ( 1725 ) e serviu de modelo a outras igreja, como a dos conventos de S. Antônio de João Pessoa ( 1779 ), onde atinge sua melhor expressão, e do Recife> Sua torre e a da Matriz de Maragogipe, terminadas em pirâmides, são primeira do tipo na Bahia ( 2 ). A sacristia transversal é comum na arquitetura franciscana do Nordeste. Carlos Ott admite que Francisco Pinheiro seja o auto de seu claustro ( 3 ).
Características especiais:
Fachadas triangular com torre recuada. Cozinha recoberta por coifa terminada em cúpula e lanternim, do mesmo tipo da dos conventos franciscanos de S. Cristovão ( SE ) e Penedo ( AL ).
1650 - A Congregação, a 21/III, decide sua fundação. Os fies Gaspar da Conceição e Francisco de Lisboa e o Irmão João da Conceição, encarregados da obras, vão morar em Cairu na ermida de S. Antônio ( 4,5 ).
1654 - Em 25/XII, Fr. Sebastião dos Mártires aceita, de Bento Salvador e Isabel Gomes, terreno junto á ermida e inicia obras ( 4 ). “A esta igreja... e hum assento da mesma caza, deo principio o Guardião Fr. Miguel da Conceição, fazendo-a de pedra e cal... a primeira pedra a lançou. Fr. Daniel de S. Francisco, mestre na sagrada Theologia e custódio...” ( 5 ).
1661/1750 – Inscrições nas portadas festejam, provavelmente, a conclusão de diferente cômodo:
1661 – sacristia; 1739 – portaria do convento; 1742 – conclusão da decoração da igreja ( 1 ) e aumento do número de frades ( 4 );
1750 - último acabamentos (porta lateral do nartex) .
1801 - Diminuição do número dos frades ( 4 ).
1894 - Deixam o convento os último dos padres ( 6 ).
1907- O convento é reocupado pela Ordem, quando são realizadas obras de conservação ( 6 ).
Sistema construtivo e matérias: Paredes autoportantes de alvenaria mista. Claustro com arcos em “ asa de cesto,” no térreo, e pilares monolíticos de arenito, no 1º andar. Chaminé recoberta por meia- laranja de tijolo e lanternim. Torre sineira com terminação piramidal em tijolo revestida de azulejos.
Restaurações e intervenções realizadas:
1946 – O arq. Anísio Luz, da SPHAN, inspeciona e cadastra o imóvel ( 7 ).
1957- Inspecionado pelo arq. Fernando M. Leal, da SPHAN (7).
1962- O prof. Jair Brandão, da SPHAN, vistoria o altar de Rosa de Viterbo, que havia ruído ( 7 ).
1963- Rescala restaura o altar de Sta. Rosa ( 7 ).
1964- A ordem realiza obras de conservação no convento sob orientação da SPHAN ( 7 ).
1967- Terminada a 2ª. Etapa das obras de conservação, realizada pelo enq. P. Ghislandi, as SPHAN ( 7 ).
1969/70- Restauração, pela SPHAN das fachadas principal da sacristia e de duas escadarias ( 6 ).
1973-Limpeza e instalação de dois sanitários ( 6 ).
1978- Retalhamentos com verbas do IPACBa ( 6 ).